quinta-feira, 19 de julho de 2012

MADIBA



Nelson Rolihlahla Mandela é sem dúvida uma das mais fascinantes figuras da História Universal recente. A sua vida poderia constituir uma lenda, não fosse ela um imenso relatório de fatos.
Nelson Mandela é de etnia Xhosa, e pertence a um ramo da família real Thembu. Nasceu a 18 de Julho de 1918, na região do Transkei, na aldeia de Mvezo, nas margens do rio Mbashe, onde as colinas verdes e vales profundos contrastam com a costa selvagem virada para o oceano Índico. O pai, escolheu para ele o nome próprio de Rolihlahla que significa, “o que causa problemas”. O nome inglês Nelson foi-lhe dado no primeiro dia de aulas.
A sua personalidade, e seu o caráter foram moldados no seio do seu clã Madiba e da sua gente. Na sua autobiografia Mandela diz: -“Os Xosa são um povo orgulhoso e patrilinear, com uma língua extremamente expressiva e uma crença inabalável no significado de direito, educação e civilidade. A sociedade Xhosa tinha uma organização equilibrada e harmónica, em que cada um sabia qual era o seu lugar. Todos os Xhosa pertenciam a um clã, o que faz remontar a sua origem a um determinado antepassado. Eu pertenço ao clã Madiba, cujo nome advém de um chefe Thembu que governou a região do Transkei no século XVIII. É comum chamarem-me Madiba, o meu nome de clã, que é sinónimo de grande respeito.” Noutra passagem avalia que na sua perespetiva é:- “principalmente o ambiente e não a predisposição”, que é o responsável pela formação do caráter humano. Do pai chefe tribal Xhosa, herdou a “rebelia” e o seu “inabalável sentido de justiça”.
Mandela, desde muito cedo aprendeu a respeitar os adversários, quando jogava e lutava com os da sua idade, reconhecia “que humilhar outra pessoa significa submetê-lo a um destino desnecessariamente cruel. Aprendi desde pequeno a vencer o meu adversário sem o desonrar."
Seguindo a tradição Xhosa, Mandela iniciou-se na sociedade aos 16 anos, idade em que seguiu para o Instituto Clarkebury, uma espécie de internato metodista, onde estudou cultura ocidental. Em 1938, mudou-se para Fort Beaufort, onde existiam escolas frequentadas pela realeza Thembu, aí frequentou a escola metodista de Healdtown, e mostrou interesse pelo boxe e pelas corridas. Já na Universidade de Fort Hare onde cursou direito, conheceu o seu amigo e companheiro de luta Oliver Tambo, que mais tarde seria presidente do Congresso Nacional Africano (ANC). Expulso desta universidade por se envolver no Movimento Estudantil, que contestava as politicas universitárias, foi para Johannesburg onde concluiu por correspondência, o curso na Universidade Sul Africana (UNISA). Continuou no entanto a estudar direito na Universidade de Witwatersrand. Em 1942 sai qualificado como advogado, e no mesmo ano adere ao ANC.
Durante o seu período académico, Mandela fez sempre oposição ao governo na luta contra o apartheid e pelos direitos sociais e económicos dos negros, que são a maioria da população, e da importante colónia de mestiços e indianos.
Em1944, apenas dois anos depois de ter aderido ao ANC, Mandela juntamente com outros jovens com formação académica, como Walter Sisulu, Oliver Tambo e Anton Lembede, fundou a Liga Jovem do ANC.
Nesse mesmo ano, casou-se com Evelyn Mase, prima de Walter Sisulu seu companheiro no ANC. Enfermeira de profissão, Evelyne sustentou Mandela, enquanto ele terminava os seus estudos de direito. Tinham uma filha e dois filhos. O casamento terminou em 1957, em parte, por causa da devoção de Mandela à causa anti-aparteid.
Em finais de 1950, Foi eleito líder da Liga Jovem do ANC. Encetou então a luta pacifica, contra o regime opressor, envolvendo-se em atos não violentos, de desobediência civil, boicotes e greves.
Mas, depois do massacre de Sharpeville em 1960, perpetrado pela polícia sul-africana, que disparou indiscriminadamente sobre uma manifestação de negros desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180, Mandela e os seus companheiros resolveram partir para a luta armada. Em 1961, vamos encontrá-lo à frente ANC, (Congresso Nacional Africano), já como comandante supremo do seu braço armado, o Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK) .
Após meses de preparação, foi escolhida a data de 16 de dezembro de 1961, feriado nacional, em que os africânderes celebravam a sangrenta vitória dos seus antepassados, sobre os zulus, na batalha de Blood River em 1838.Nesse dia foram detonados os primeiros engenhos explosivos, contra instalações estatais, tendo morrido na sequência deste ataque do MK um dos sabotadores.

Para explicar ao povo estas ações, o MK recorreu a panfletos, onde informava sobre a nova fase da luta contra o apharteid: «Ao longo da sua história, todas as nações são confrontadas com uma tomada de decisão: Deixar-se subjugar ou lutar...» podia ler-se no panfleto, e continuava «Esse momento chegou agora para a África do Sul. Não nos deixaremos subjugar e não temos outra escolha senão ripostar com todos os meios à nossa disposição para defender o nosso povo, o nosso futuro e a nossa liberdade.
O governo interpretou o pacifismo do movimento como sinal de fraqueza. A política de não-violência foi interpretada como uma licença para os seus próprios atos de violência.»
As ações militares do MK, eram dirigidas a centrais elétricas, linhas telefónicas, estações de rádio e de televisão,isto é os chamados Hard Targets, de modo a causar o menor número possível de vítimas.
Mandela foi preso em 1962 e condenado a cinco anos de prisão, sob a acusação de viajar para fora do país e incitar a greves. Após informação da CIA norte americana, foi acusado injustamente de alta traição. Condenado a prisão perpetua, e passou nos cárceres sul-africanos vinte e sete anos da sua vida. Mesmo na prisão onde no início foi várias vezes humilhado, continuou a luta mantendo ligações com o exterior. Tornou-se no preso mais famoso do mundo provocando uma onda de solidariedade, e a pressão de vários países sobre a África do Sul . O famoso grito “Libertem Nelson Mandela!”, ecoou em várias línguas, por todo o lado, em faixas nas manifestações populares, nos muros e paredes, em parangonas nas primeiras páginas dos jornais dos principais países do mundo.
O governo sul-africano, na pessoa de Frederik de Klerk, foi obrigado a liberta-lo e em 1990, com 72 anos de idade, saíu após 10 mil dias de cativeiro,
Mandela recorda o dia da sua libertação: “Quando estava no meio da multidão, levantei o punho direito e emergiu um grito de júbilo. Durante 27 anos, não tive a possibilidade de o fazer e fui invadido por um sentimento de força e alegria.” Mas não expressou rancor pelos carcereiros: -“ainda que estivesse feliz por essa recepção, estava muito preocupado por não ter podido despedir-me dos funcionários da prisão.”
Foi impressionante a maneira diplomática, como conduziu as negociações, num contexto explosivo, em ambiente difícil de lutas internas. A capacidade que demonstrou em chamar as duas partes à razão sem ceder um milímetro dos seus propósitos e apenas através do compromisso mútuo, promover a reconciliação nacional, com o antigo inimigo, que o havia considerado terrorista. Hábil orador e excelente mediador, cometeu desse modo um feito, que parecia impossível: a transição pacífica da África do Sul para a democracia.
Mandela voltou a casar, desta vez com com Winnie, um ano depois de se ter divorciado de Evelyn.
Winnie esteve casada com Mandela, 27 anos enquanto ele esteve preso lutou a seu lado pela mesma causa, e era muito estimada no Congresso, mas dois anos depois de sair da prisão Mandela divorciou-se.
E 1980 casou com a atual companheira Graça Machel, viúva de Samora Machel, presidente de Moçambque, morto em 1986, num acidente, tendo o avião em que seguia caído em território sul-afrcano, em condições que ficaram por esclarecer.
Nos últimos anos de cativeiro, Mandela tinha já com alguns privilégios, feito algumas amizades e ganho o respeito de alguns dos seus carcereiros.
Durante o tempo que permaneceu na cadeia, o mundo assistiu a muitos acontecimentos marcantes.
Destacamos: A morte do presidente dos EUA John Kennedy, assassinado em Dallas; O apoio militar dos EUA ao Vietname do Sul, em 1965, que teve como desfecho, em 1969, a retirada precipitada das tropas americanas, perante o avanço das tropas de Ho Chi Minh, abandonando muitos dos seus aliados à sua sorte; Ainda em 1969, Neill Armstrog e Edwin Aldrin, são os primeiros seres humanos a pisar a superfície da Lua; Em 9 de Novembro de 1989, após 28 anos de existência, assiste-se à Queda simbólica do Muro de Berlim e ao fim da Guerra Fria.


Após eleições democráticas, em 27 de Abril de 1994 Mandela foi eleito e empossado como 10º presidente da África do Sul e primeiro presidente negro deste país, exercendo o mandato até 16 de Junho de 1999
Em 1993, Mandela recebeu em Oslo, juntamente com Frederik de Klerk o Prémio Nobel da Paz.
Em 1990 Nelson Mandela, Torna-se na segunda personalidade, não-indiana a receber a mais alta distinção da Índia, o Bharat Ratna. A outra tinha sido Madre Teresa de Calcutá (1980); Recebeu ainda a Ordem do Canadá; A Medalha da Liberdade de George W.Bush; foi agraciado pela rainha Elisabeth 2ª, com a Ordem de St. John; 1990 recebeu o Prémio Lenine da Paz; doutor Honoris Causa pelas Universidades de São Paulo, Europeia de Madrid, mais de 50 outras e é Chanceler da Universidade do Norte, muitas distinções recebeu e continuará a receber de todo o mundo.
Quando terminou o mandato de presidente, em 1999, Mandela começou a dedicar-se a diversas organizações sociais, e de direitos humanos. Em 2003 anunciou o seu apoio à Campanha de luta contra a SIDA, “26662” que refere o número que lhe foi atribuído enquanto prisioneiro. Nesta sua nova missão, conta com o apoio de sua esposa Graça Simbine Machele, também ela agraciada com várias condecorações, sendo doutora honoris Causa por diversas Universidades incluindo a de Évora, e é presidente do Conselho de Administração da Universidade do Cabo.
Graça Machel continua ainda a sua luta pela cultura e pela educação dos jovens criando para eles bolsas de estudo, algumas instituídas em Angola e Moçambique, têm o se nome.
Em 2004, Nelson Mandela, com 85 anos, e a saúde instável, anunciou a sua retirada da vida púbica para se dedicar mais à família, fez entretanto uma exceção, a sua dedicação à luta contra a SIDA. E nesse mesmo ano fez uma viagem à Indonésia para tomar parte na XV Conferência Internacional sobre a SIDA.
Mandela foi criticado várias vezes ao longo do seu mandato e já depois dele, por diversas tomadas de posição controversas, nomeadamente a crítica que fez à política externa do presidente G. Bush. No entanto a sua vida exemplar e a sua incontestável autoridade na luta pelos direitos humanos, levaram a que, em 2006 fosse premiado como Embaixador de Consciência, pela Amnistia Internacional.
Entretanto Graça Machel, esposa de Nelson Mandela, anunciou no dia 30 de Julho deste ano, 2011, a sua satisfação pela angariação de 130 milhões de dólares, necessários para a construção do maior hospital pediátrico, na África Austral, uma das aspirações do ex-Presidente Sul Africano. O hospital terá o nome de Nelson Mandela.
A ideia foi divulgada durante a comemoração do 93º aniversário de Mandela a 18 de julho de 2011 e foi amplamente divulgada tendo a< angariação de fundos decorrido em todo o mundo
Atualmente foi instituído o “Mandela Day” cujo objectivo é exortar as pessoas, a fazerem todos os dias algo para mudar o mundo, individualmente ou no seio de uma organização. Mandela continua exortar os povos a lutarem pelos seus direitos .
Madiba como gosta de ser tratado, tem atualmente 93 anos e o mesmo sorriso franco que todos lhe conhecemos. A sua vida e luta inabalável que travou contra o racismo e pelos direitos humanos, granjearam-lhe o respeito de toda a humanidade
(pesquisa: Para o texto, fotos e logótipos, recolhidos na internet).


Foto:Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr





É um engenheiro mecânico, economista, educador e professor universitário, foi Ministro da Educação no primeiro mandato de Lula da Silva
Durante um encontro com jovens, a quando da sua visita os Estados Unidos, (onde em certos sectores circulava a ideia da Internacionalização da Amazónia, ideia que, como é óbvio, incomodava muito os brasileiros), um jovem fez-lhe uma pergunta sobre o tema, mas pediu-lhe que respondesse como um humanista e não como um brasileiro.
O Sr.Cristovam Buarque, respondeu assim:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a Internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Como humanista sentindo o risco da degradação ambiental que pesa sobre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia sob uma ética humanística deve ser internacionalizada. internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...o petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso o donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma o capital financeiro dos países ricos, deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave, quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrarias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas á França, cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo o génio humano Não se pode deixar que esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldade em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. por isso eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas deve ser internacionalidada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma,Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mão de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos debate os actuais candidatos à presidência dos EUA, têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista aceito defender a internacionalização do mundo. Mas enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa.Só nossa".
Segundo consta, este discurso. teve pouca divulgação até na imprensa brasileira, mas na minha opinião, merece ser divulgado.
Cristóvam Buarque é actualmente senador pelo Distrito Federal, cargo que irá exercer até 2018.
Recolha de dados: Internet

NÃO À GUERRA

PELA PAZ

UM MUNDO SEM GUERRA